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segunda-feira, 11 de julho de 2011

Por Terras do Minho e Alto Minho




Por terras do Minho
e
Alto-Minho

24 Junho 2011:
Braga – Valença do Minho – Tui (Espanha) – Valença do Minho : 104 Kms

Depois de mais uma noite de S. João na nossa linda cidade de Braga, onde não deixámos de assistir ao cortejo de ranchos folclóricos e de bandas, que tradicionalmente desfilam até ao Parque de D. João da Ponte, na manhã seguinte, dia 24 de Junho, aproveitámos o facto de ser feriado municipal e resolvemos dar uma escapadela de dois dias e meio. Uma oportunidade rara, porque a existência de compromissos de índole familiar condicionam grandemente e limitam-nos a vontade e a possibilidade de sair mais vezes.
Enfim, é a vida de quem quer viver com a consciência tranquila…
Divagações à parte, resolvemos sair dando sentido à palavra “Itinerância”, ou seja, ao sabor da vontade, da oportunidade e da “pancada de momento”.
Como queríamos aproveitar o desconto dos combustíveis de um posto de abastecimento na estrada que liga a Ponte de Lima, virámos a “agulha” da Duquesa para esses lados e para aí fomos. Passámos ao lado de Ponte de Lima e rumámos, nas calmas, a Valença do Minho pela estrada Nacional 201 apreciando as paisagens ímpares, só possíveis de encontrar em terras o Minho.
Curva, contra-curva, sobe e desce para voltar a curvar, subir e descer embalados num berço de quatro rodas quando, num virar da estrada a Igreja de S. Pedro de Rubiães nos “mandou” desafiou a parar.
Ali estava aquele estupendo monumento de estilo Românico lavrado em granito, datado de XII saudava-nos hoje, tal como o fez e continua a fazer a todos os peregrinos que percorrem o Caminho de Santiago” e, apesar de ter a igreja fechada, contava-nos histórias através das pedras moldadas por artistas-pedreiros, narradores de venturas e desventuras passadas.
À sua esquerda e direita, geometricamente alinhadas, jaziam inúmeras sepulturas de gentes importantes, por quem os séculos perpassaram alheados das realidades de cada uma das épocas.
Em jeito de passeio, fizemos-lhes uma rápida e solene visita, batemos algumas fotografias e comentámos entre nós que, certamente terão havido muitos como nós, que passaram e outros que irão passar por este magnífico monumento sem parar e sem se aperceber o que perderam ou perderão.
Satisfeitos, partimos e só parámos na parte exterior das muralhas de Valença do Minho. O parque principal estava lotado e resolvemos procurar lugar para estacionar na parte onde costumam aparcar os autocarros de passageiros. Aí havia muito por onde escolher, pois só lá estavam dois autocarros. Estacionámos num local misto de sombra e sol, com a Duquesa estrategicamente colocada de modo a que o painel solar recebesse alguma luz e fosse carregando as baterias.
Seriam 11h30m. Ainda era cedo para fazer o almoço e, por isso, resolvemos dar um pulo ao interior das muralhas imponentes e muito bem conservadas. Logo que passado o pórtico de entrada, à direita, o Museu do Bombeiro convidou-nos a uma breve visita, por sinal gratuita.
Num espaço composto por três pisos pudemos, ver no primeiro, vários instrumentos de combate a incêndios; no segundo capacetes de bombeiros de variadíssimas corporações nacionais e estrangeiras e no terceiro uma considerável coleção de crachás e miniaturas relacionadas com a atividade dos “soldados da paz”.
Continuámos por mais umas centenas de metros e, quase sem dar por ela, vimo-nos dentro do edifício da antiga cadeia e “Domus Municipalis” onde estava patente a exposição “Valença e a Metrologia” composta por um vasto espólio de instrumentos de medida usados ao longo dos tempos nas atividades mercantis.
Dado o adiantado da hora, resolvemos regressar à Duquesa para tratar do almoço.
Caso entendêssemos ficar por aquelas bandas, o parque pareceu-nos muito bom para pernoitar se tivéssemos a companhia de outros companheiros.
Enquanto a Cara-metade tratava do almoço, liguei o computador, artilhado com a placa de TV digital e esperei ter sinal. Ao fim de uns minutos, sem precisar de orientar a antena, captei bom sinal e logo a adaptada TV nos passou a dar notícias do nosso jardim à beira-mar plantado, mas muito mal tratado.
A tarde perspectivava-se quente para continuarmos a visita ao interior das muralhas pelo que, decidimos pular a terras de Pablo Picasso para comprarmos alguns mantimentos e abastecermos a Duquesa de combustível.
Atravessámos a centenária ponte sobre o rio Minho, que liga Valença a Tui, e deambulámos um pouco pelas ruas desta cidade espanhola. Estranhamente, àquela hora todos os estabelecimentos se encontravam encerrados e, por isso seguimos em direção a Porrinho onde tomámos um café que, diga-se de passagem, nos aguçou o desejo de voltar a Portugal para tomar outro, na verdadeira acepção da palavra. Atestámos a Duquesa, aproveitando a considerável diferença com o preço praticado em Portugal e resolvemos regressar para terminarmos a visita à fortaleza de Valença.
Logo que chegámos, misturámo-nos pelas ruas estreitas, calcetadas com seixos, pensamos que trazidos ao longo dos séculos das margens do rio Minho. De um lado e do outro, nas ruas estreitas as lojas procuravam cativar o número significativo de turistas, maioritariamente espanhóis, para dinamizarem o comércio local. Não fomos excepção e ora numas, ora noutras, lá fomos entrando, apreciando e por vezes comprando.
A igreja de Santo Estêvão, com construção de 1283, prendeu-nos a atenção, assim como o marco milenar (séc. I a.C.) e o cruzeiro que se encontram lado a lado.
Do mesmo modo, dedicámos algum tempo a admirar o interior da capela do Bom-Jesus (séc. XVII) e, porque estavam abertas e pudemos admirar os seus interiores.

Lentamente fomo-nos dirigindo à muralha lateral ao rio Minho. Em baixo, a uma centena de metros, o rio fronteiriço, outrora testemunha de episódios bélicos, deslizava calmamente ladeado de frondosa vegetação.
A tarde ia-se esgotando lentamente, ameaçando dar lugar a uma noite que se avizinhava. Impunha-se procurar lugar para pernoitar. No parque junto às muralhas não vislumbrámos nenhuma autocaravana pelo que, sentindo que o local parecia muito isolado, resolvemos procurar outro espaço, aparentemente mais seguro.
Não foi necessário andar muito pois, logo à saída, no parque de merendas deparámos com uma AC de matrícula francesa estacionada. Apesar de não falarem português, entabulámos conversa e ficámos a saber que tinham intenções de pernoitar, mostrando-se muito agradados pelo facto de nós pretendermos fazer-lhes companhia.

Tratava-se de um casal oriundo da Bretanha que tinham alugado uma autocaravana por quinze dias para visitar Portugal e se encontravam no penúltimo dia de férias. Estavam muito contentes e agradados por terem apostado na visita ao nosso país. Tencionavam, no dia seguinte dirigir-se para Gijon, em Espanha onde tomariam um barco que, numa viagem de catorze horas, os levariam à residência.
O local revelou-se bastante calmo mas o atrito provocado pelos pneus dos carros no empedrado da rua lateral que dá acesso à ponte internacional dificultou-nos um pouco a chegada do “João Pestana”.

Sábado, 25 Junho 2011:
Valença do Minho – Vila Nova de Cerveira – Caminha – Viana do Castelo - Apúlia: 88 Kms

Alvorada às nove horas. Ouviam-se pessoas que caminhavam a pé pela rua e um significativo movimento de automóveis nos dois sentidos, entre Valença e Tui. Tomámos o pequeno-almoço e fomo-nos preparando para rumar a outras terras.
Os companheiros franceses tinham acabado de ligar a AC e, cordialmente, vieram-se despedir e desejar continuação de boas viagens. Retribuímos e ficámos a vê-los seguir pela estrada que os levaria ao destino desejado.
Era chegada a nossa vez. Também nós partimos, mas em direcção a Vila Nova de Cerveira onde se realizada a feira semanal. É uma das maiores que se realizam no país e atrai milhares de visitantes portugueses e da vizinha Galiza.
Por todo o recinto, a língua de Camões e de Cervantes misturavam-se num frenesim mercante. As bancas estavam apinhadas de produtos e de um misto de curiosos e de interessados. Em alta voz, roçando mesmo a gritaria, aqui e ali, feirantes apregoavam os seus produtos, ora realçando-lhes insuspeita qualidade ou o baixo preço.
Ao lado, banhando o Parque do Castelinho, o rio Minho observava de soslaio esta manifestação humana consumista. Fomos cumprimentá-lo.
O ferryboat encontrava-se atracado, sem indícios de ter ainda realizado qualquer actividade. Na outra margem, do lado espanhol observámos indícios de alguma atividade de construção de estruturas, talvez de apoio ao desenvolvimento da sua zona ribeirinha, a exemplo do que aconteceu do lado de cá. Aqui podemos encontrar um vasto espaço ajardinado, com áreas sombra e sol vocacionadas para o descanso e diversão de crianças e graúdos onde não foram esquecidos vários espelhos de água, chuveiros, repuxos e outros equipamentos usados por todos aqueles que procuram refrescar-se nos dias de Maios calor.
Situado no centro deste espaço jardinado está implantado o Aquamuseu (http://aquamuseu.cm-vncerveira.pt/) que decidimos visitar.
Comprámos os bilhetes (2 euros/adulto) e entrámos para a zona dos aquários onde estão expostas espécies de peixes das várias zonas do rio Minho.
Seguimos depois para o “Lontrário” que se encontra num espaço exterior vidrado e ficámos maravilhados porque o tratador estava a alimentar o casal de lontras. Dois simpáticos e animados exemplares desta espécie em vias de extinção.
“ – Só visto!!!”
Ao fim de uma boa meia hora de observação das suas tropelias, fomos ver a terceira e última parte onde se encontram expostos artefactos usados pelos pescadores do rio Minho ao longo dos tempos.
Com estas e com outras, a manhã estava quase a findar e resolvemos voltar a dar corda na Duquesa e seguir para Caminha com intuito de aí almoçarmos.
Ao fim de duas dezenas de minutos estávamos a estacionar na avenida marginal tendo como paisagem de fundo esse rio magnífico que nos acompanhava há dois dias. Assim almoçámos e no fim, como não podia deixar de ser, partimos a pé pelas ruas históricas desta localidade.
Quase de imediato, circundámos o largo da Igreja Matriz, seguimos até ao turismo onde obtivemos informações de locais a visitar. Passámos por baixo do arco da Torre do Relógio, espreitámos a Igreja da Misericórdia à entrada do largo com o seu Chafariz.

É sem dúvida uma Vila que merece uma próxima visita, mas com mais tempo que na altura não dispúnhamos, uma vez que na noite anterior havíamos decidido pernoitar na praia da Apúlia para podermos desfrutar o domingo na praia.
Por isso, resolvemos seguir viagem com passagem por Viana do Castelo e com direito a visita ao Santuário de Santa Luzia, local que já não visitávamos há mais de dez anos.
Chegar ao destino foi rápido e sem qualquer tipo de problema. Continua a ser um destino de muitos turistas e devotos e a conformá-lo estavam as várias dezenas de pessoas espalhadas pelo interior do santuário e no seu exterior registando em fotografia e vídeo momentos para mais tarde recordar.
Também o fizemos e dedicámos alguns momentos a espreguiçar o olhar mar dentro, até aos confins do horizonte. Em baixo a cidade; o rio Lima servindo de leito à ponte projectada por Eiffel com os seus dois tabuleiros sobrepostos, a marina, a zona pedonal e de lazer, o navio-museu Gil Eanes e os estaleiros navais dedicados à construção e reparação de navios.
Partimos, de novo para a praia da Apúlia, passando sem parar, mas nas calmas de quem ia a apreciar a viagem, por Esposende e Fão, esta última terra das deliciosas “Clarinhas”.
À entrada da Apúlia parámos, numa nossa conhecida vendedeira de beira de estrada de produtos hortícolas para comprar cebolas e batatas, seguindo depois para a zona perto dos conhecidos Moinhos. Aparcámos a autocaravana tendo por companhia outras três.
Havia tempo ainda para fazer um passeio de fim de tarde pela zona pedonal frontal à praia. Os barcos de pesca encontravam-se já perfilados à espera que à noite os pescadores fossem ao mar colocar as redes. No centro da vila, ainda havia movimento na feirinha de pessoas que aproveitavam o final do dia para fazer as compras necessárias. Em frente, a padaria ainda estava aberta. Comprámos pão para o jantar e voltámos para o conchego da Duquesa a tempo de podremos apreciar o pôr-do-sol.
Enquanto se fazia o jantar, eu andava às voltas a tentar sintonizar a placa de TV que teimava em não captar qualquer sinal digital. Acabei por desistir e configurei-a para sinal analógico o que nos permitiu captar, embora com qualidade muito inferior.
Jantámos, saímos para um cafezinho no bar ao lado, regressámos à Ac, um pouco de TV e toca a deitar. A noite já ia adiantada quando finalmente adormecemos. O local de pernoita veio a mostrar-se muito concorrido por pessoas que saíam dos restaurantes a altas horas da noite e davam largas a vocalizações exageradas e incomodativas.
Domingo, 26 de Junho: Apúlia – Braga: 40 Kms
A manhã chegou soalheira e vestida a rigor para acompanhar quem, como nós, queria passar um dia de praia.
Ao meio da tarde regressámos a casa, tendo AutoCaRolado um total de 232 Kms.