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segunda-feira, 18 de abril de 2011

Entre Beiras


### Relato Concluído em 08 de Julho###

Entre-Beiras

Os três dias anteriores foram dedicados à preparação desta nova escapadela onde não faltaram as consultas da praxe, na internet, relacionadas com os locais a visitar e as estradas a percorrer. Não deixámos de consultar e de colocar questões a outros companheiros no fórum do Campingcarportugal que, acabaram por ser de extrema utilidade, bem como a consulta da sua Base de Dados das Áreas de Serviço.
Como não podia deixar de ser, a Duquesa também teve a sua quota de atenção. Foram feitas as limpezas e arrumações necessárias, vistos os níveis de água, óleo, pressão de pneus, sistema eléctrico, depósitos de água ... enfim tudo foi revisto.


Quinta-Feira, 14 de Abril de 2011: Braga - Entre os Rios - Castelo de Paiva - Arouca - Castro Daire - São Pedro do Sul: 220 Kms.

O relógio da torre da Igreja de Palmeira, a nossa freguesia, batia as 10 badaladas quando a Duquesa se fez à estrada, rumo a Entre-os Rios.
Como costuma ser usual nas nossas viagens, optámos por transitar em estradas sem portagem por uma questão de economia e também porque entendemos que os quilómetros que percorremos são muito mais enriquecedores e agradáveis do que quando transitamos em auto-estradas.O monumento ao trágico acidente de Entre-os-Rios foi o local da nossa primeira
paragem. Aí, pudemos partilhar o sentimento de perda evidenciado no memorial a todos aqueles que pereceram naquela trágica e malfadada noite.

Seguindo, passámos uma tangente à Vila de Castelo de Paiva,onde havíamos estado no mês de Junho do ano de 2010 e rumámos a terras de Arouca, onde pudemos visitar o Museu do Fóssil do Centro de Interpretação Geológica de Canelas, situado na freguesia de Canelas, que tem como estrelas principais as Trilobites Gigantes. Aí passámos cerca de duas horas bem gastas, repletas de história, aconselhando a visita a todos os que passem por aquelas bandas.


http://www.cigc-arouca.com/default.asp

A tarde ia a meio, quando nos despedimos das simpáticas funcionárias do museu e embrenhámo-nos por montes e vales, através de uma estrada sinuosa, tendo como destino Castro Daire. No trajeto, vimo-nos forçados a parar para apreciar uma bela cascata que mergulhava entre íngremes xistos , envolvida por uma vegetação luxuriantemente fresca.

Castro Daire acolheu-nos numa breve visita à sua parte histórica, onde pudemos calcorrear algumas das suas estreitas e cuidadas ruas revestidas a granito ancestral.

A sua igreja matriz, ladeada de um relvado de um verde soberbo, magnificamente tratado,, encontrava-se encerrada a qualquer possibilidade de visita ao seu interior, aliás, como é costume na maioria dos monumentos de interesse artístico, cultural ou religioso do nosso turístico país.

A tarde estava a "queimar os últimos cartuchos" e dirigimo-nos à Área de Serviço de São Pedro do Sul para aí pernoitar.

Esperávamos encontrar alguns companheiros mas, para nossa desilusão, encontrámos uma AS à face da estrada, muito limpa, mas completamente às moscas.

Nas traseiras o rio Paiva corria sossegadamente, embalado pelo canto da passarada que nos deu música até altas horas da noite, que nos embalaram ternamente até adormecermos.

Acordámos com um sol magnífico.

Sexta-Feira, 14 de Abril de 2011: S. Pedro do Sul, Vouzela, Gouveia, Serra da Estrela (Torre), Seia, Carregal do Sal: 179 Kms.

Depois do pequeno-almoço, explorando a zona circundante deparámos com uma área muito bem tratada, com um circuíto pedestre e um espaço de lazer fluvial onde, para nosso espanto se encontravam aparcadas sete ACs.

Mais tarde, em conversa com um dos companheiros, ficámos a saber ser costume os Acs preferirem pernoitar nessa zona e só se servirem da AS para manutenção.
Sinceramente, gostámos da zona pelo sossego e beleza paisagística.

Depois de feita a limpeza e manutenção de águas, abalámos em direção à Serra da Estrela, passando e parando de permeio em Vouzela, na sua igreja Matriz que se encontrava fechada e em tarefas de limpezas da sua parte exterior.

Tomámos a A25, aproveitando o fato de nela, ainda, não serem cobradas portagens e para Gouveia, passando ao largo de Viseu e Mangualde.

A hora de almoço apanhou-nos quando iniciávamos a subida à serra, antes da aldeia de Sabugueiro. Enquanto a cara-metade fazia o almoço, numa rápida inspeção à Duquesa, descobri que o fusível do fio que traz corrente do alternador para a bateria da célula estava queimado e procedi à sua substituição. Fizemos uma refeição rápida, seguimos e parámos na aldeia do Sabugueiro para tomar o café. Aí, alguns letreiros apregoavam a venda de cachorros de raça Serra da Estrela que cochilavam tristemente prisioneiros dentro de exíguas jaulas plantadas à beira da estrada.

A subida íngreme esperáva-nos e fizemo-nos a ela sem receios, confiantes que a Duquesa tinha fibra para ela e muito mais.

Perdida no imenso penedio, a "Cabeça do Velho" saudou-nos à passagem, com solenidade, como que a desejar-nos boa-viagem.

Embrenhámo-nos solitariamente naquela paisagem cinzenta e árida, meada por uma estrada estreita, qual serpente estirada ao sol, deleitada com o seu calor, procurando acumular calor para superar o frio da noite que estaria para chegar dalí a umas horas ...

... e, do alto da montanha cavalgava uma torrente de água imaculamente alva rugindoa, apertada entre sinuosas e rudes fragas graníticas.

Lá no alto da serra vislumbavam-se estilhaços brancos de neve e gelo que, teimosamente lutavam com o calor do sol que se fazia sentir, como que, tentando aguentar até à chegada de mais um refrescante pôr-do-sol.

As curvas sucediam-se, as subidas também, voltas, mais voltas e reviravoltas suadas e, o alto lá se ia chegando lentamente. A paisagem era magnífica, entre nós, apenas a serra e o céu.

Parámos! Do nosso lado direito, um grande lençol de neve branca com alguns dias, talvez... Fomos esticar um pouco as pernas e, porque não?... Brincámos um pouco?

Ao fim de uma boa meia hora, decidimos terminar a subida à torre. Umas dezenas de amantes de neve, aproveitavam com sofreguidão momentos de divertimento, com receio que o sol a fizesse desaparecer debaixo dos pés.

Por fim, ao virar de uma curva, a Torre lá estava com o seu imponente marco geodésico que marca o ponto mais elevado de Portugal Continental (1993 metros).

Numa volta pelas redondezas, tropeçámos num imponente bloco de gelo que se mantinha firme resistindo e dando testemunho de um grande nevão ocorrido tempos antes.

Seguiu-se a volta da praxe à área comercial para comprar o inegualável queijo da serra e depois montámos na Duquesa e rumando a Seia, já nossa conhecida de andanças anteriores. Daí partimos para Carregal do Sal, onde sabiamos existir uma Área de Serviço para ACs.

Chegámos, ainda o dia não tinha terminado e, não foi difícil encontrar a placa com a indicação da Área de Serviço que nos encaminhou para um posto de abastecimento de combustíveis.

Trata-se de um espaço concebido apenas para manutenção de ACs, mas o funcionário do posto informou-nos que os propriétários do espaço permitiam a pernoita nas traseiras, num espaço ajardinado, iluminado e guardado por um cão de grande porte.

Ainda restava algum tempo antes de tombar a noite e levámos a Duquesa pelas artérias da localidade, num misto de procura de um hipermercado onde comprar géneros alimentares para o jantar e de exploração turística.

Feitas as compras, regressámos à AS e aparcámos a viatura nas traseiras do posto de combustível, num espaço muito sossegado onde jantámos sossegadamente e passámos uma noite simplesmente, sossegadíssima.

Sábado, 15 de Abril de 2011: Carregal do Sal, Viseu, Tondela, Caramulo: 84 Kms

Nova manhã de sol. Com o pequeno almoço tomado, a Duquesa atestada com diesel de linha branca, mais barato cerca de 9 cêntimos, fomos fazer o despejo de águas cinzentas e das negras e encher os depósitos de água potável. Despedimo-nos dos simpáticos e acolhedores funcionários do posto de combustível e pusemo-nos em marcha para Viseu, terra de Viriato, chefe dos Lusitanos.

A viagem foi rápida e suave, feita em estradas de bom piso e, ao fim de pouco menos de uma hora estávamos a circular nas amplas ruas da periferia de Viseu com as sua célebres e inúmeras rotundas.

Estaríamos perto das 10h30m, quando estacionámos a Duquesa e, munidos da máquina de filmar e fotográfica, nos embrenhámo pelas ruas de Viseu. Cumprimentámos o monumento "Aos Mortos da 1.ª Grande Guerra" e, lentamente, fomos sendo abraçados pelas ruas estreitas impregnadas de história onde, porta-sim, porta-sim lojas de comércio tentavam aliciar as centenas de turistas passantes carregados de curiosidade.

Ao fim de umas centenas de metros, deparámos com um imponente triunvirato monumental composto pela Sé Catedral, o Museu Grão Vasco e a Igreja da Misericórdia.

A imponência granítica daqueles dois majestosos monumentos não nos deixaram indiferentes e impeliram-nos a fazer uma solene visita, como se impunha.

A Igreja da Misericórdia de Viseu, com a sua fachada em de estilo "Rocaille", começou a ser construída em 1775, dez anos após o terrível terramoto de Lisboa. O seu mestre pedreiro foi António da Costa Faro.

Na sua majestosa frente, com caraterísticas românico-góticas, ergue-se altiva a Sé Catedral de Viseu, cujas referências ao início da sua construção remontam ao Condado Portucalense, antes da formação de Portugal.

Nas paredes que ladeiam os seus claustros interiores, pudemos apreciar cenas em azulejo dos fins do séc. XVI, início do séc. XVII, com a reprodução de uma cena da vida de S. Teotónio e a reprodução dos cinco reis mouros feitos prisioneiros.






No interior sóbrio da igreja, não podemos ficar indiferentes ao altar solene, enriquecido por talha dourada, nem às hercúleas colunas graníticas, encimadas por arcos ogivais que sustentam a abóboda principal.

Voltámos ao exterior e ir ao virar da esquina, num agradável largo, pudemos cumprimentar El-rei D. Duarte. Continuámos e, chamados pelas montras do comércio local e pela curiosidade, lá nos fomos, novamente, misturando pelas estreitas pejadas de marcas de tempos idos e de odores que nos iam lembrando que se estava a proximar a hora de almoço.

Almoçámos bem, por sinal, num dos muitos restaurantes da zona e, no final, decidimos regressar à Duquesa, com o intuito de procurar o Parque do Funicular. Não foi necessário conduzir muito, pois ao fim de uns minutos deparámos com um enorme parque de estacionamento. Estacionámos à sombra de uma frondosa tília, a escassos metros da estação do Funicular.

Pelo relato feito por alguns companheiros, este é um parque onde é costume encontrar Autocaravanistas a pernoitar.

O Funicular é um meio de tansporte que circula sobre carris, composto por uma carruagem, e que tem a função de transportar gratuitamente todos os que se queiram deslocar entre a parte baixa e a alta da cidade, que é a sua parte histórica.

Em poucos minutos, o funicular levou-nos à parte alta e histórica da cidade, precisamente ao largo da Sé, onde tínhamos estado na parte da manhã.

Não demos o tempo por perdido e, daí partimos por outras ruas que, vagarosamente, nos levaram ao centro da cidade onde apreciámos os seus jardins, as suas fontes e chafarizes e até tivemos tempo para, alí e acolá, darmos um pouco de descanso às pernas que já começavam a resmungar.

Ali, decidimos dar por finda a nossa visita a Viseu e regressámos à Duquesa. Partimos para Tondela onde fizemos uma breve paragem para esticar um pouco as pernas e visitar a igreja Matriz.

O Caramulo aguardava-nos e, porque não queríamos que a espera fosse longa, metêmo-nos a caminho. Quando chegados, percebemos que aquele é um espaço magicamente sossegado. Pintados naquela que chamámos de avenida principal, o Museu do Automóvel e o Hotel transmitiam um ar de equilíbrio.

A hora já ia adiantada mas, mesmo assim, decidimos visitar o museu onde pudemos apreciar variadas peças de pintura, escultura, mobiliário, cerâmica e tapeçarias, que vão da era Romana até Picasso, bem como várias dezenas de automóveis e motos.

O tempo tornou-se pouco, para tanto que ver e, gentilmente, fomos convidados pelo responsável a voltar na manhã seguinte, para apreciarmos com mais calma a exposição de automóveis que se encontra no edifício anexo.

Como tencionávamos pernoitar ali, agradecemos a gentileza e despedimo-mos com um "-Até amanhã!"

Ainda não tínhamos visto a Área de Serviço e, sem delongas, seguimos as placas informativas e dirigimo-nos para lá.

É uma AS situada nas traseiras de um pavilhão Polidesportivo, com espaço para uma meia dezena de ACs e com um café mas imediações.

Com a autorização do responsável, estacionámos a Duquesa nas traseiras do Museu do Automóvel e preparámo-nos para a pernoita que se antevia calma e sossegada.

Quando terminámos de jantar, o manto da noite já havia coberto a pacata localidade, onde nem os cães ladravam por respeito e solidariedade pelos amantes do sossego.

Impunha-se uma visita ao café da localidade. Na Televisão passava um Real Madrid-Barcelona para a Liga dos Campeões, mas a pacatez que reinava no exterior convidava-nos a uma caminhada digestiva. Gastámos uma boa hora a explorar os recantos da zona onde nos encontravamos, antes de regressar à AC e nos recolhermos.

Domingo, 16 de Abril: Caramulo - Braga: 218 Kms

Num fechar e abrir de olhos, a manhã estava aí. Toca a levantar porque às 10 horas abria o Museu e tencionávamos, antes, tomar o pequeno-almoço e ir à AS fazer a manutenção à Duquesa.

Em poucos minutos despejámos o depósito de águas cinzentas e da cassete e como ainda nos sobrava algum tempo, antes de as portas do museu abrirem, decidimos dar uma volta pelas imediações dando trabalho à máquina fotográfica e de filmar.

Sem darmos por ela, entrámos na rua dos moínhos que fica logo à saída em direção ao Caramulinho e que, tal como o nome deixa antever, trata-se de um local onde, descendo pela encosta abaixo, podemos apreciar alguns de moínhos de água que a autarquia tem vindo a reconstruir.

Sem darmos por ela, debaixo de um sol agradável, rodeados de uma paisagem belíssima e com as máquinas registando momentos para mais tarde recordar, o museu abriu as portas e fomos apreciar as máquinas motorizadas expostas na área anexa.

Num espaço composto por dois pisos, com uma área apróximada de 400 metros quadrados (estimativa nossa) fizemos uma viagem pelo tempo desde os primórdios da industria automóvel.

Literalmente, foi uma viagem no tempo!

Umas máquinas que nunca tínhamos visto "ao vivo", outras do nosso tempo de infância, outras impregnadas de História, onde não faltavam as clássicas como a Citrôen Arrastadeira, o VW Carocha, o Renault 4L até ao Austin Mini Cooper S.

Enfim ...

Por volta do meio-dia voltámos à estrada e, alternando estradas nacionais com a A25 (sem portagens), o IP5 e a N1, sem paragens e petiscando umas sandochas, chegámos a casa por volta das 15h00.

4 dias - 3 noites - 701 Kms - média de 10l/100Kms - 2 fusíveis queimados. A Duquesa precisava de um merecido descanso.

Próxima etapa: Planear a próxima saída, mesmo sabendo que temos compromissos que não nos permitem perspectivar para quando, até porque, contrariamente ao que diz o ditado:

" O Sol não nasce para todos"