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quarta-feira, 16 de março de 2011

Amendoeiras em Flor



Domingo, 6 de Março de 2011: Braga – Póvoa de Lanhoso – Cabeceiras de Basto – Vila Pouca de Aguiar – Carrazedo de Montenegro – Torre Dª Chama – Bragança: 233Kms
Saímos por volta das 11h00 em direção a um posto de combustível, aproveitando, naturalmente, o desconto de fim-de-semana de 6 cêntimos/litro. A Póvoa de Lanhoso e Cabeceiras de Basto já nos eram bastante conhecidas, foram apenas pontos de passagem mas, apesar disso, não deixámos de apreciar os muitos momentos de beleza paisagística.

Na passagem em Vila Pouca de Aguiar, pudemos apreciar uma concentração de veículos clássicos e a vila de Carrazedo de Montenegro trouxe-nos uma agradável surpresa quando nos apresentou a sua majestosa Igreja Matriz, cuja visita interior só foi possível porque a chave se encontra na porta lateral, permitindo que os visitantes apreciem o seu interior.

De bom grado, despendemos, aqui, cerca de uma hora para, depois seguirmos viagem passando por Torre de D.ª Chama, uma localidade pacata mas com aparências de alguma modernidade.
À medida que nos afastávamos desta localidade, fomos assaltados por um desejo, que só é possível de realizar quando se faz turismo itinerante a bordo de uma autocaravana e, decidimos
alterar os planos iniciais de viagem,fazendo um desvio para Podence, uma vez que neste domingo os ”Caretos” faziam a sua aparição e as suas tropelias carnavalescas.
Assim, se depressa o pensámos, mas rápido decidimos. E seguimos em direcção a Podence quando, a Duquesa se lembrou de nos chamar a atenção para um problema relacionado com os travões. A luz do sensor de travões passou a piscar, tal como uma luz psicadélica de uma discoteca. As subidas e descidas da estrada sucediam-se e, com ex
trema cautela lá fomos, seguindo com a esperança de encontrarmos rapidamente um posto de combustíveis com área de conveniência, onde pudéssemos comprar uma embalagem de óleo de travões. Seria um desenrasque até chegarmos a Bragança, onde tencionávamos pernoitar e, aí, no dia seguinte, segunda-feira, poderíamos procurar uma oficina que fizesse a reparação que fosse necessária.
Entre o local de início de alarme e Bragança não conseguimos encontrar nenhum posto de abastecimento, pelo que, à cautela acabámos por passar ao lado de Podence, sem parar.
Entrados em Bragança e, encontrado o tão desejado posto de abastecimento, parámos a Duquesa. Fui então inspecionar se nas rodas havia vestígios de perda de óleo de travões e fiquei aliviado ao verificar que o sistema de travões não tinha qualquer perda. Inspecionei, então, o nível do óleo dos travões e verifiquei que se encontrava no m
ínimo, pelo que resolvi comprar uma embalagem de óleo e acrescentei um pouco. De imediato, a luz do sensor dos travões se apagou e, porque estava a fazer-se noite, resolvemos dirigir-nos para a Área de Serviço de Bragança, não sem antes irmos fazer umas compras para o jantar e o pequeno almoço do dia seguinte.
Chegados à Área de Serviço, já lá se encontravam duas ACs. Uma de um companheiro de Mafra e outra de
Aveiro. Depois de aparcarmos queimámos uma boa meia-hora de agradável cavaqueira a que se seguiu o jantar, o café, um pouco de televisão e uma respousante noite de descanso.

Segunda-feira, 7 de Março de 2011: Bragança – Vimioso – Miranda do Douro - Mogadouro – Torre de Moncorvo: 180 Kms.
A segunda-feira acordou-nos com um sol radioso e, depois do pequeno-almoço e da manutenção da Duquesa (despejo de águas cinzentas, negras e reabastecimento de águas limpas), seguimos viagem, deixando os nossos companheiros ainda desfrutando da simpática AS de Bragança.
Uma vez que, o sistema de travões parecia estar sem problemas, resolvemos seguir viagem em direção a Vimioso. Aí parámos perto do centro histórico, resolvemos esticar as pernas e dar trabalho à vista, à máquina fotográfica e à de filmar. Entrámos na Casa da Cultura onde tivemos a oportunidade de visitar uma exposição fotográfica subordinada ao tema “Vimioso: Antes e Hoje, outra de ferramentas tradicionais e outra de máscaras de Carnaval de alunos do 2.º e 3.º Ciclos.
No centro da vila pudemos apreciar a traça exterior da bem cuidada igreja Matriz e o seu interior não tão cuidado, mas em fase de inicio de restauro.
Este monumento, apesar de se encontrar fechado, pode ser visitado, bastando que os interessados se dirijam ao café existente no largo e solicitem a chave. Neste mesmo lago, encontrámos uma simpática loja de doces regionais onde comprámos uns deliciosos bolos de amêndoa.

Decidimos depois, rumar a Miranda do Douro, onde estacionámos fora das muralhas. Depois dirigimo-nos ao posto de turismo onde obtivemos informações e folhetos dos locais a visitar.
O estômago dava horas, decidimos, então, almoçar num dos restaurantes do interior da muralha e, porque estávamos em Miranda, impunha-se a tradicional posta à mirandesa, acompanhada por um vinho maduro da casa.

O início da tarde foi ocupado com um agradável passeio pelas ruas da muralha e na visita à Sé Catedral, culminando numa visita às lojas de comércio da parte nova da cidade.


A tarde ia a meio quando abalámos para Mogadouro e, eis que a luz do sensor dos travões voltou a avisar que algo não estava bem.
A primeira oficina foi paragem obrigatória e o diagnóstico dado: Calços dos travões da frente, do lado direito gastos e o fio do sensor descarnado, o que provocava o acendimento intermitente da luz. Para nossa frustração, essa oficina não tinha o tipo de calços adequados, pelo que tivemos
que seguir viagem até Mogadouro.
Chegados aí e encontrada a primeira oficina, os calços foram substituídos.


Finalizada a reparação, dirigimo-nos para zona do castelo, servida de bons acessos e de local de estacionamento para AC, onde tudo indica que a pernoita será possível e sossegada.

A tarde começava a querer despedir-se e resolvemos fazer o mesmo a esta pacata localidade, até porque pretendíamos pernoitar na Área de Serviço de Torre de Moncorvo.
Pelo caminho, começámos, finalmente, a encontrar algumas extensões consideráveis de amendoeiras, fazendo antever que, no dia seguinte iríamos ter o prazer de desfrutar da beleza das tão afamadas “Amendoeiras em Flor”.


A noite tinha acabado de entrar, prenunciando o fim do dia, quando entrámos em Torre de Moncorvo. Parámos para comprar mantimentos para a refeição da noite e do pequeno-almoço do dia seguinte e, a procura de pão levou-nos a fazer uma rápida incursão na vila à procura de uma padaria. O mais parecido que encontrámos foi uma cafetaria-pastelaria, onde comprámos uma bôla de azeite, que se veio a revelar uma agradável surpresa no acompanhamento do jantar.
Munidos de mantimentos, pusemo-nos a caminho e encontrar a Área de Serviço para ACs não foi nada complicado, uma vez que se encontra magnificamente sinalizada. Quando lá chegámos, deparámos com uma AC belga e duas portuguesas, sendo uma delas do companheiro de Mafra, com quem tínhamos estado na noite anterior, em Bragança.
É uma AS muito agradável, limpa, com casas de banho e duche de água quente. O sossego é quase absoluto, só entrecortado, de vez em quando, por um ou outro automóvel que passava na estrada paralela.
Depois do jantar resolvemos não sair e fizemos o mesmo programa da noite anterior, apesar de pudermos, se quiséssemos ser fácil dar um pulinho ao centro da vila servindo-nos da AC.

Terça-feira, 8 de Março de 2011: Torre de Moncorvo – Vila Nova de Foz Côa - Figueira de Castelo Rodrigo – Almeida – Pinhel - Trancoso: 141 kms.
Acordámos com sol, embora não tão radioso como na manhã anterior. O companheiro de Mafra preparava-se para arrancar, pois tinha pela frente umas centenas de quilómetros até casa.
Tomámos o pequeno-almoço e aliviámos a Duquesa dos líquidos indesejáveis: a cassete foi limpa, as águas cinzentas vazadas e os tanques de água limpa cheios. Partimos em direção ao centro de Torre de Moncorvo, porque se impunha uma visita ao centro histórico. Estacionámos no parque de estacionamento contíguo ao Supermercado Dia e embrenhámo-nos pelas ruas estreitas e cheias de história. Em poucos minutos, encontrámos a praça principal enfeitada com lindíssimas amendoeiras floridas e a Igreja Matriz que, apesar de imponente, parecia suplicar por mais respeito, atenção e melhores dias. O lixo e garrafas partidas de bebidas alcoólicas e o odor de necessidades fisiológicas inundavam o adro, indiciando uma noite nada adequada àquele espaço histórico.

Nas traseiras da Igreja Matriz pudemos visitar a Casa da Cultura, onde estava patente uma exposição sobre “o Trabalho do Ferro” e partimos à procura da pastelaria onde estivemos na noite anterior. Aí comprámos outra Bôla de Azeite e experimentámos uma outra bôla feita de massa de filhós… Simplesmente magníficas.
Abalámos para Figueira de Castelo Rodrigo. Na ligação passámos por Vila Nova de Foz Côa, onde aproveitámos para abastecer a Duquesa, num dos postos mais económicos do mercado português. No Intermarché conseguimos uma economia por litro superior a 12 cêntimos e ainda nos ofereceram um mapa das estradas de Portugal com a localização de todos os postos de abastecimentos do grupo.
A manter-se a situação dos preços de combustível, este mapa será um precioso ajudante nas futuras saídas.

De Vila Nova de Foz Côa a Figueira de Castelo Rodrigo fomos presenteados com várias encostas salpicadas de amendoeiras floridas e ficou-nos na memória a localidade de Almendra onde tivemos o privilégio de ver paisagens naturais e monumentos dignos de postais ilustrados.




Chegados a Castelo Rodrigo, estacionámos no largo principal e aproveitámos para almoçar. No final, fomos dar uma volta por aquela sossegada localidade e detivemo-nos na igreja matriz, onde uma cegonha se pavoneava imponente no seu ninho construído no telhado da torre.


Almeida, a vila fortificada e, em tempos ocupada, aquando das invasões francesas, foi o nosso destino seguinte. Chegámos lá ao meio da tarde e estacionámos no parque fora das muralhas, onde se encontravam duas ACs francesas, que faziam promoção aos maus exemplos do auto-campismo, onde não faltavam os grelhadores da praxe e os toldes abertos.
Esta vila foi uma agradável surpresa e, dentro das muralhas, pudemos verificar que poderíamos ter levado a AC, pois a localidade é servida por uma estrada que a circunda, com largura mais do que suficiente para a envergadura das nossas máquinas. Apesar desta constatação, não nos arrependemos em fazer a visita a pé, porque nos permitiu desfrutar da beleza das suas ruas estreitas, imaculadamente limpas, da sua igreja, as suas muralhas e da exposição aí patente relacionada ao tema “As guerras”.


A tarde avançava, mas ainda tínhamos tempo para dar um salto a Pinhel. Fizemo-lo e, quando lá chegámos, estacionámos junto à zona histórica e fomos presenteados com uma visita guiada dada por um simpático pinhelense que, do alto dos seus setenta e tantos anos nos acompanhou com cerca de uma hora de história e relatos de vivências.



A noite já tinha chegado, quando nos separámos daquela simpática figura e rumámos a Trancoso. Com o GPS TomTom como companheiro, metemo-nos à estrada que, ao fim de uma dezena de quilómetros se foi transfigurando e ameaçando levar-nos para a terra onde o Judas perdeu as botas. A iluminação pública e as casas foram desaparecendo, dando lugar uma estrada irregular, de péssimo piso e ladeada por árvores e, mais árvores, cobertas de uma imensa escuridão. Perante tal panorama, equacionámos regressar a Pinhel mas, teimosamente, quilómetro após quilómetro, fomos seguindo confortados com a leitura do GPS que ia indicando que nos estávamos a aproximar do destino pretendido.
Por fim, lá chegámos a Trancoso. Estacionámos fora da muralha, em frente ao Posto de Turismo e do Mercado, onde se encontravam duas ACs, uma francesa e outra portuguesa.
Depois do jantar, saímos para tomar café e aproveitámos para fazer uma incursão noturna ao interior das muralhas, que não durou muito por causa do vento gelado que se fazia sentir.
Regressámos ao aconchego da Duquesa e desfrutámos mais uma noite sossegada.

Quarta-feira, 9 de Março de 2011: Trancoso – Lamego – Régua – Braga. 189 Kms.
Durante a noite fomos brindados com chuva, mas a manhã deu-nos o bom-dia com um sol radioso.
Depois do pequeno-almoço, equipados com a máquina fotográfica e a de filmar, fomos fazer a visita da praxe ao interior das muralhas. Também aqui, se nota uma grande preocupação na limpeza das ruas e na manutenção dos edifícios. Calcorreámos as ruelas estreitas enfeitadas com vasos e canteiros, apreciámos a traça exterior dos edifícios centenários mas, para nossa frustração, as igrejas encontravam-se fechadas.


A manhã ia a meio, quando resolvemos partir em direção a Lamego, local que tencionávamos visitar antes de regressar a casa. O santuário da N.ª Sr.ª dos Remédios foi local de visita obrigatório, seguido de um pulinho à Sé.


Continuámos para a Régua, onde parámos para almoçar, antes de seguirmos em direcção a Braga, subindo pela encosta da margem direita do Douro, de onde pudemos apreciar as vinhas do afamado vinho fino.

Chegámos a casa ao meio da tarde, depois de 743 quilómetros sem problemas de maior, extremamente agradados com a prestação da Duquesa, com a sensação de termos dado estes quatro dias com bem empregues e ansiosos de voltar a partir.